“O
que será que estão pensando?”
Diversas vezes me perguntei isso
enquanto observava pessoas na rua, principalmente quando estou parada dentro do
ônibus. Aquela mulher dentro do carro no farol, será que já se questionou o que
a pessoa do carro ao lado está pensando? Ou quem sabe, eu sou o “alvo” dela! A
curiosidade aumenta mais quando deparo-me com alguém passando chorando.
É uma manhã de domingo. Já faz um
tempo que estou sentada na mureta dessa praça, só observando o movimento. O dia
está agradável, ainda mais pela beleza do inverno. Engraçado...é domingo e as
pessoas continuam correndo como se fosse segunda-feira.
Sempre acho que os fins de semana dão
outra cara para os lugares, mesmo esses que passamos todo dia à caminho do
serviço. Ganhamos oportunidade de olhá-los com mais atenção, vivê-los melhor,
explorá-los! Até mesmo esse cheiro de óleo dos carrinhos de batatas-frita ficam
com um ar diferente do de anteontem. Pra que continuar correndo?
O vento parece ter ouvido meus
pensamentos. Parando de cortejar a grandiosa árvore fixada atrás de mim,
soprou-lhe uma rajada mais forte, balançando
graciosamente seus galhos floridos. Uma nuvem de pétalas-cor-de-rosa
espalharam-se pelo local, caindo sobre todos como gotículas de chuva. Nesse
momento, o mundo parou. Por alguns segundos, todos voltaram-se para aquele
espetáculo, assistindo as flores dançarem ao uivo do vento gelado.
Diverti-me captando aqueles olhares
fascinados, singelos sorridos escapando involuntariamente daqueles lábios
entreabertos. Assim que a dança ia se cessando, gradualmente as pessoas iam se
recompondo, voltando ao caminho que até então estavam seguindo. Por mais que
tenha sido rápido, sei que foi com efeito! Essa belíssima visão não acontece
toda hora, e encanta mais ainda quando vem de alguém que nem sabíamos que
existia.
Naquele momento, ganhei meu dia.
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